28 de janeiro de 2011

Inteligência Policial

Ronilson de Souza Luiz
Há uma charge provocativa aos policiais que diz: “inteligência policial – duas palavras
contraditórias”.
Com certeza, o policial exerce poder, mas com a mesma certeza se constata que, em torno e
sobre ele, outros poderes se exercem, em um incrível jogo de estratégias. Eis a primeira vista um
paradoxo, mas que de fato é parte de um mesmo sutil mecanismo: o policial é poderoso e, ao
mesmo tempo, e na mesma intensidade, “não possui poder algum”; ele serve de instrumento para
que outros poderes sejam exercidos e, é nesse jogo, justamente, que a inteligência policial se
mostra vigorosa.
É certo, pois, que se trata de um ofício; ser, hoje, policial em qualquer local, mas não de um ofício
qualquer. É um ofício que dói, e no qual muito se arrisca.
A pergunta então é:____ o que é inteligência policial?
É investir na formação contínua do policial, do Soldado ao Coronel, valendo para a Polícia Civil e a
Científica.
A inteligência policial exige que o patrulheiro observe a regra, e que identifique-se com ela, e que
esteja sistematicamente atento à irregularidade – quando os outros, ao contrário, baseiam-se nas
regularidades.
Tenho dito que quanto mais qualificado for o corpo docente das instituições policiais melhores
serão os futuros policiais, consequentemente, teremos melhor prestação de serviço.
Certamente, seguindo exemplos possíveis de serem aplicados em nossa realidade, com
integração e parceria junto as Universidades que contam com institutos de pesquisa que abordem
questões ligadas a atividade policial.
Fica aqui a grande dica ao presidente que venceu e aos governadores eleitos e reeleitos, ou seja,
a atividade policial-militar que é essencialmente preventiva; repressiva apenas no limite, exige
treinamento e formação permanente.
Lembrando que a cultura ainda não conhece melhor prevenção do que o esclarecimento e o
diálogo, frutos de uma boa educação.
A atividade policial por ser essencial, emergencial e diuturna necessita sobremaneira formular
hipóteses, construir caminhos, tomar decisões, em bom tempo a sociedade percebeu que urge
investir nas polícias, e o ditado por ser rancoroso, provará ser inverídico.
Minha contribuição: a propagada inteligência policial é afirmar que ela será alcançada por meio do
investimento no objeto descrito abaixo, adaptado da obra
Ofício de escrever.
“É uma máquina bem inventada: tem pouco peso, cabe no bolso, não consome energia ( não
necessita pilhas, nem tomadas, nada ), é descartável ou guardável, conforme a conveniência, usa
se em qualquer lugar (uma praia , um trem, o metro, a sala de espera do dentista).
Ele pára quando queremos, podemos voltar para trás, repetir, pular vários capítulos, conhecer o fim
desde o início, tomar notas, folhá-lo, deixá-lo na mesa da cabeceira por meses a fio, retomá-lo de
repente como se nunca tivéssemos tido em mãos algo tão prazeroso, mantê-lo aberto sobre os
joelhos, dormir com ele no colo, oferecê-lo a quem não dispõe de instrumento eletrônico algum,
com a segurança de que será plenamente desfrutado, ele pode abarcar todo o universo do
conhecimento e da sensibilidade humana”.
Todo mundo escreve para que a sociedade mude e é o modo como interrogamos o mundo que se
renova sempre.
Não caminhando por esta trilha tornaremos o ditado que abre o texto verídico.
Por tudo isso não posso deixar de cumprir também este dever pedagógico, como educador policial
militar, de esclarecer as idéias e colocar ordem no pensamento, acreditando que tudo que
escrevemos com facilidade é normalmente difícil de se ler.
Ronilson de Souza Luiz,40, Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Professor
Universitário, Doutor e Mestre em Educação na PUC/SP, Bacharel e Licenciado em Letras
pela USP, Instrutor no Centro de Formação de Soldados. Email - profronilson@gmail.com

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